O poder cega

Credita-se ao governador Eduardo Campos a movimentação precoce de deputados com vistas à disputa de prefeituras importantes do Estado nas eleições de 2012. Entre os cenários ventilados me chamou a atenção Ipojuca e Cabo, municípios considerados espécies de  galinha dos ovos de ouro pelos investimentos atraídos, através da iniciativa e as obras tocadas pelo Estado. Para o Cabo, a aliança governista estaria estimulando o nome do deputado Fernando Ferro (PT). Nada contra o petista, mas levando em consideração a votação que teve ali – pouco mais de três mil votos, exatos 3.023 mil votos - seria uma alternativa desastrosa. Disputar eleição majoritária é bem diferente da proporcional. O que pesa é desenvoltura e, principalmente, simpatia. Em termos de simpatia, Ferro não passa no teste. No Congresso, figura entre os campeões do troféu limão. Desenvoltura? Tem mais do que simpatia, é verdade, mas é daquele tipo de político que depende da estrutura e da máquina estadual para ser bombado. Em Ipojuca, o Governo cogita a candidatura do deputado Pedro Eugênio, também do PT, tão simpático quanto desenvolto. Ali, seus eleitores cabem, literalmente, num ônibus e, se apertar, numa Kombi: 189 votos. Em política, não dá para inventar, mas do alto do seu pedestal, reeleito com 84% dos votos, o governador acha que pode tudo, principalmente depois de mostrar a  sua força no plano nacional, elegendo a mãe Ana Arraes ministra do Tribunal de Contas da União. Corrupto tem cada uma!  - Esta é inédita: o vereador Mauro Zacher, da bancada do PT na Câmara de Porto Alegre, entrou com uma liminar na justiça para proibir que seu nome apareça nas pesquisas do Google. Tudo depois de aparecer envolvido num escândalo como secretário da Juventude da capital gaúcha. Se a moda pega, hein? Familismo, boca-rica e cargo público - Trecho do artigo de Vinicius Torres Freire na Folha de São Paulo sobre a vitória de Ana Arraes para o TCU: “Campos é governador de Pernambuco, do PSB, reeleito para o cargo com mais de 80% dos votos. Ana Arraes, a mãe, é deputada federal do PSB, filha de Miguel Arraes (1916-2005), líder do socialismo populista sertanejo e de outros atrasos. O posto no TCU é uma sinecura eterna. Campos começou a carreira ocupando cargos no governo do avô Arraes. Familismo, boca-rica, cargo público. Campos deve causar invejas e ternuras no Congresso”. Enfrentando o criador - Rompido com o prefeito de Itamaracá, Rubinho Catunda (PT), que ainda não disse a que veio no município, o vice-prefeito Flávio Gadelha assinou, ontem, a ficha de filiação ao Partido Republicano, liderado no Estado pelo deputado Inocêncio Oliveira. Gadelha tem trânsito livre no Palácio das Princesas e só ingressou na legenda depois do sinal verde do governador. Coronel se ilude - O ex-prefeito de Gravatá, coronel Joaquim Neto, não se cansa de ternurar o governador e aliados na suposta ilusão de que arrebataria o apoio do Governo para seu projeto de derrotar o prefeito Ozano Brito, lançado e apoiado por ele na eleição passada. Mas, o que se ouve em Palácio é que o governador tender a apoiar o trabalhista Bruno Martiniano. Porque conhece o passado de traição do coronel. CURTAS - DEPENDÊNCIA – O Governo constatou em pesquisa que 85% das pessoas alistadas no Bolsa-Família não conseguem voltar ao mercado de trabalho, ficando completamente dependentes da ajuda emergencial. Tudo porque o próprio governo, ao não exigir trabalho, estimulou o ócio. SILÊNCIO – O prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio (PMDB), não deu um pio ainda sobre a nomeação do ex-deputado Osvaldo Coelho para o Conselho de Irrigação do Ministério da Integração. E não teme perder o apoio do seu padrinho político nas eleições passadas para o ministro Fernando Bezerra Coelho. PERGUNTAR NÃO OFENDE – A deputada Ana Arraes vai dar explicações sobre a locadora que pertence à filha do seu motorista na Câmara dos Deputados? É melhor um bocado seco, e com ele a tranqüilidade, do que a casa cheia de iguarias e com desavença'. (Provérbios 17:1)